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O mundo é muito mais complexo do que podemos imaginar, por isso deveríamos observar cada momento que nem um neném.

 

Ki

KI ou também escrito como CHI tem sua origem na China onde representa a energia que mantêm o mundo, a natureza e toda a sua criação viva. KI é à base da vida sem a qual nada existe. É a força por trás de cada movimento, mudança, transformação.

O princípio KI foi introduzido no Japão durante a época NARA (710-794) e HEIAN (794-1185) onde se misturou com os cultos locais (SHINTÔ).

KI não é visível nem palpável e muito menos compreensível. Provavelmente a idéia do KI tem as suas origens no PRANA, a energia da vida no sistema do YOGA. A diferença é que o KI muda e recebe diferentes nos conforme a área de atuação:

YO-KI: cultivar a energia

KAI-KI: renovar a vida

SEI-KI: energia mental espiritual.

Com o surgimento da casta dos samurais (período Kamakura: 1185-1336 e período Muramochi: 1336-1573) o significado do KI sofreu alterações significantes tendo sua maior veneração no período Tokugava (1603-1868). KI virou um atributo dos samurais, grandes mestres atribuíam a derrota ou conquista ao controle do KI. Grandes escolas ensinavam a observar e reconhecer o KI (intenção, vontade verdadeira) do adversário. A capacidade de reconhecer o KI do adversário e se comportar de acordo era o primeiro passo para a vitória. E impondo o seu KI no adversário ele fica submisso. O KI virou a filosofia principal do BUSHIDO (o caminho do guerreiro):

SHIKI: coragem/ JIKI: força de vontade/ KISOKU: controle da respiração/ GENKI: vitalidade? E assim por diante.

Nós poderíamos interpretar o KI com as palavras de LAO TSE:

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22. A ambição

Dar significa receber,

torto, fica reto,

vazio, fica cheio,

desgastado, se renovar,

necessitar, significa ter,

abundância, assusta.

Por isso o sábio:

ele nutre a unidade,

virando útil para o mundo.

Ao não se amostrar, ele ilumina,

ao não se justificar, brilha,

ao não se vangloriar, tem sucesso,

ao não se glorificar, tem grandeza,

ao não ambicionar, não tem rivalidades.

Por isso:

ceder, significa ficar inteiro.

Assim ele se guarda e o mundo se cultiva.

 

Comentário:

Se você for à procura de luz, você terá também a escuridão (a sombra). Um é a origem do o outro.

Tudo neste mundo trás em si a semente do seu oposto. O que é cheio, por ser cheio, traz em si o estado de ser vazio. O que for grande, para poder ser grande tem que criar o pequeno. Um é a face do outro.

A dualidade e o tanto usado símbolo do Ying Yang nada mais representam o fato de que tudo que for comparado e tudo que receber um atributo gera o seu oposto. Se você não tiver coisas grandes como é que você irá determinar o que é pequeno? Se o mau não existir como é que você irá determinar o que é bom?

No momento que você gera conceitos, você automaticamente gere o seu oposto. E essa constante tentativa nossa de conceituar o mundo se chama de condicionamento.

Condicionamento inibe você ver o mundo do jeito como ele realmente é. O condicionamento é importante para você poder entender o que o seu próximo quer dizer. Mas, se apegar a e se identificar com os conceitos e atributos criados pela sociedade, escraviza você e impossibilita você de ser tolerante, livre (de conceitos) e de ver o mundo como ele é.

A nossa constante tentativa de criar conceitos e de julgar o mundo, faz com que muitos acabam acreditando que o mundo é dual. Muitos dividem o mundo em bom e mau, grande e pequeno, forte e fraco, vencedor e perdedor, tanto na política, como na economia, como na diversão.

As pessoas conceituam e julgam o mundo à sua volta, elas determinam bons e maus políticos, esportistas vencedores e perdedores, comerciante honestos e desonestos, e assim por diante. Conceituar o mundo é fácil, você não tem que sentir a verdade e não tem que ser tolerante.

A pessoas gostam de conceituar o mundo pois conceitos são fáceis de se seguir. Conceitos criam molduras nas quais as pessoas tentam encaixar tudo que vêm, e tais molduras criam por fim os tão indesejáveis preconceitos. E preconceitos …

Dualidade é só a aparência. Mas na realidade o mundo está sempre em constante movimentação, em ação.

O mundo é ternário. O um gera o dois e o dois gera o três e este gera as mil coisa. A terceira força é à força da transmutação, da movimentação. É a força que gera vida.

Muitas coisas que nós hoje conceituamos de ruim eram antigamente bom, que nem a escravidão. Os nossos conceitos mudam conforme o nosso condicionamento. Na África as pessoas comem gafanhotos, na China muitos gostam de comer carne de cachorro e de gato, na Austrália os arborígenos comem larvas e na França se comem caracóis. E você, o que você come? Você gosta de comer larvas, caracóis ou gafanhotos? Por quê? Porque você foi condicionado, acostumado a gostar ou a não gosta.

A capacidade de viver além do conceito e do condicionamento, e a capacidade de se identificar com a transformação, nos possibilita de perdoar aonde se pode perdoar, de reconhecer e aceitar as coisas como elas são, e de mudar o mundo do jeito como ele pode ser mudado.

A capacidade de agir conforma a natureza das coisas, Lao Tse chama de agir não agindo.

Querer esfriar algo com fogo, querer dar uma forma à água ou querer prender a lua num posso de água, são atividade que todos nós logo reconhecemos como tolice, pois, elas nunca irão dar certo, tais atividades contradizem a natureza do fogo, da água e da lua.

As tolices acima descritas são tão óbvias que negue jamais iria pensar em fazê-las. Mas no mundo nem tudo parece assim tão óbvio, e muitas vezes somos obrigados de ir a fundo para sentir e descobrir a natureza das coisas. Pois quem age conforme a natureza das coisas não tem necessidade de destruir o mundo em que vive.

Um fala: ‘’Não procures lá fora o que está dentro de ti.’’

O outro pergunta: ‘’E o que é que está dentro de mim que não está lá fora?’’

E o um responde: ‘’Nada.’’

O outro pergunta indignado: ‘’Então porque é que o procuro?’’

E o um responde: ‘’Porque o que está lá fora é somente o reflexo do que está dentro de ti.’’