voltar

O mundo é muito mais complexo do que podemos imaginar, por isso deveríamos observar cada momento que nem um neném.

Sobre os TENGU

 

O TENGU-GEIJUTSU-RON

O livro sobre a arte dos Tengu (demônios das montanhas) de  lutar com a espada. 

O Tengu-geijutsu-ron foi escrito pelo mestre espadachim Shissai Chozan em 1729. Existem vários outros livros sobre o uso da espada que nem o livro Fudochi Shinmyo-roku de Takuan Soho. Ma s o que faz este livro ser assim tão valioso é a sua grande quantidade de alegorismos e metáforas e comparações fazendo a obra ser muito pitoresca possibilitando ao leitor e aluno (DESHI) entender melhor seus ensinamentos.

A base destes ensinamentos é o despego, o WU WEI. O não ser. Somente sendo nada e se desapegando do eu (ego) é que o guerreiro pode deixar de se preocupar com sigo mesmo, se esquecer e agir conforme tem que agir.

Os ensinamentos de Shissai se resumem:

1. Um bom espadachim tem que treinar tanto o aperfeiçoamento das técnicas e golpes, como o desenvolvimento de seu espírito.

2. A grandeza interna (espiritual) se amostra na simplicidade do coração. Suas reações têm que ser que nem as imagens de um espelho. Ele tem que aprender a agir em vez de meramente reagir.

3. Só se esquecendo que se é capaz de agir. É a harmonia entre corpo, mente e espírito.

4. Agora a perfeição no manuseio da espada só tem valor se ela estiver ancorada a valores éticos e respeitar as leis cósmicas.

O objetivo deste capítulo não é traduzir este maravilhoso texto e sim incentivar o aluno a lê-lo. Portanto irei me restringir a citar somente uma pequena passagem do capitulo IV:

Um aluno pergunta: „Existem várias escolas que usam diferentes formas de lanças, lanças com laminas restas, laminas cruzadas, com ganchos, laminas escondidas num tubo, e muitas mais. Qual destas armas é a melhor?"

E o mestre responde: „Que pergunta boba! A melhor arma é a lança com a qual se perfura. Só que o que faz você perfurar não é a forma da lança e sim o teu EU. Tanto faz que tipo de lamina se usa, o aluno deve tentar entender os ensinamentos dos velhos mestres e das diferentes escolas e captar as vantagens de cada uma das armas, e através de seu manuseio e treino adquirir a sua liberdade pessoal (o desapego).

Tanto faz que tipo de laminas eu usar, o importante é se dedicar a aprender as técnicas e entender as suas vantagens para adquirir através do manuseio a sua liberdade.

Mesmo se alguém treinar todos os sistemas, este se sentirá mais confortável usando a arma com a qual começou a treinar do que com uma outra. Mas se persistir treinando e aprendendo este irá se próprio encontrar e aí tanto faz se ele tiver um cajado na mão ou uma lança.

Existem escolas que ensinam as vantagens e desvantagens de cada lamina se concentrando no manuseio e nas técnicas.Eu por minha vez ensino aos meus alunos uma outra arma, arma do próprio EU. Porque, quem não entendeu isto, não faz sentido carregar uma arma.

É um erro somente pensar que a lança reta quando perfura se torna inútil e que a lança com gancho só serve para prender outras lanças. Quem assim pensa acaba fazendo o erro de um principiante.

Este é um pequeno extrato do livro e eu espero ter esclarecido ao leitor o imenso valor deste livro para todos que praticam Kempo. O que foi dito aqui para as lanças é válido para qualquer situação da vida. Uma arma é meramente o prolongamento do braço e nunca deve existir a parte. Não importa a arma, o que é importante é o entendimento dos princípios dos movimentos e o estado mental/espiritual do guerreiro. O autor continua no mesmo capítulo a explicar como se consegue concentrar o Ki. Mais adiante ele sita o ensinamento Zen Budistas para evitar o medo. Ele fala que os monges Zen concentram a energia no beco (Tan Tien) contraindo o mesmo. Desta forma a energia não dissipa, podendo ser retida para fortalecer o corpo e a mente impedindo o medo.

Como você pode ver, é um livro interessantíssimo.