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Defender a sua integridade é preservar a sua dignidade

O primeiro e último adversário de um verdadeiro guerreiro é o seu próprio Ego

 

O Soco (Tsuki) estender a mão

 

 

Oitsuki é o nosso primeiro movimento básico do caratê que irmos discutir. Oi-Tsuki significa nada mais do que um soco desferido á altura do peito. Este soco pode ser desferido com a mesma mão cujo pé está na frente conforme o desenho acima, ou com a mão diagonal do pé que está na frente, aí é denominado de Gyaku (oposto)-tsuki.

O Oi-tsuki seria no boxe equivalente ao Jab, que é denominado de mão que lidera (leading hand), sendo que o gyaku-tsuki seria o back hand (mão traseira) que desfere o golpe mais forte usando o apoio da cintura.

O que é um soco? Um soco não é nada mais do que estender a mão de tal forma que se visa acertar um objeto ou um oponente. Como você estende a mão é irrelevante. O que vai determinar como você a estende a mão é o seu objetivo e o ponto inicial (a posição da mão em relação ao corpo).

 

O que vai determinar a técnica, a movimentação do golpe, é a posição do punho em relação ao corpo.

Existem três posições básicas:

 

1. O punho se situa a altura da cara,

       cobrindo e protegendo a face e a cabeça. É a técnica do boxe. Ao desferir o golpe se eleva um pouco o ombro para cobrir o queixo que fica exposto depois de se ter desferido o golpe. O golpe é executado rapidamente se concentrando na volta da mão ao seu ponto inicial. A concentração está no puno e no ombro.

        Este golpe tem duas variações:

        1. O Jab: ele é desferido com o punho do mesmo lado do pé da frente. isso quer dizer, se o pé direito está na frente, uso o punho direito e vice versa. Existe momentos em que se também pode desferir um jab com o punho oposto do pé. Mas o objetivo do jab é ser rápido e ter um alcance longo assim  preparando o caminho para o golpe decisivo. O jab é usado para avaliar a distancia, perturbar o oponente e distraí-lo, mantê-lo á distancia, e portanto é mais eficaz se for desferido pelo punho do mesmo lado que o pé da frente. Se eu deferir um jab com a mão oposta (punho esquerdo com o pé direito na frente) o meu alcance será limitado.

        2. O back hand: este golpe é forte e poderoso, é o golpe no nock out. Normalmente é desferido quando se tem certeza que vai acertar o oponente. Ele é executado virando a cintura e possibilitando toda a força da cintura ser transmitida pelo braço. Um erro muito comumente é jogar o ombro junto. Isso dá a impressão que o golpe fica mais forte e potente, mas é um erro. Este erro é muito comum entre atletas de maior peso, que tentam compensar treino e força com impulsividade e peso corporal. O perigo de tal falha é que ao jogar o ombro para a frente, tal movimento faz com que a trajetória do punho não é mais reta e sim forma uma parábola, e se o oponente recuar um pouco o punho passa pelo lado do oponente deixando a face, as costelas e o rim expostas para um eventual contra ataque do oponente.

            Portanto, o ideal é desferir tal golpe da cintura mantendo se a postura centralizada com o peso do corpo distribuído em ambas a s pernas, para evitar desequilíbrio.

            Ambos os golpes deveriam ser executados com o braço relaxado e o punho firmemente fechado.

            O  soco é desferido levantando-se o cotovelo á altura do ombro. Este movimento é necessário para poder se ter impacto e força. O movimento proporciona levantar o ombro um pouco para proteger a cara mas abre e desprotege as costelas.

 

 

2. O punho se situa á altura do peito.

        É o golpe clássico do Karatê conforme o desenho acima. Enquanto se projeta um punho para a frente se recua o cotovelo do outro braço para trás. Na realidade não se desfere um golpe. Toda a concentração deveria estar no cotovelo que recua. O golpe sai debaixo das axila. Se deveria recuar o punho o mais para trás que possível gerando uma tenção muscular que nem uma mola sendo pressionada e mantida sobre tenção. No momento em que eu trazer o outro cotovelo com força para trás, eu solto a pressão muscular (a mola) que com a ajuda da cintura irá catapultar o punho para a frente. Esse movimento será gradual, aumentando a velocidade gradualmente até atingir toda a sua velocidade no fim do golpe.

        Se a velocidade inicial for muito grande, o soco atingirá o seu alvo com pouco impacto. A arte está em ter a velocidade máxima no fim da execução do soco e isso é somente possível se recuarmos o outro braço para trás. A velocidade final é determinada pelo tenção que sou capaz de botar no punho, pela capacidade em fechar a mão e endurecer o antebraço, mantendo ao mesmo tempo o resto do braço, a musculatura e o obro relaxado e o ombro baixo. Se eu levantar o ombro irei perder impulsividade porque não mais terei alinhamento ideal da minha estrutura óssea. Se eu esticar o braço perderei força de impacto porque todo impacto será transmitido diretamente ao meu ombro. Por isso, o soco nunca deveria ser desferido com o cotovelo reto e sempre com o braço um pouco curvado, para que a estrutura muscular e óssea do corpo possam funcionar como um amortecedor natura.

        Este soco poderá ser desferido também gyaku, conforme já falamos sobre ele mais acima. O Gyaku-tsuki é desferido em curtas distancias, especialmente no in fighting, quando não se tem o espaço suficiente para desferir o oi-tzuki. O oi-tzuki é um golpe á distancia. o gyaku-tzuki depois de ter acertado pode se transformar em uma cotovelada de baixo para cima que nem no Tate-empi-uchi ou de fora para dentro (a classica cotovelada) o Mae-empi-uchi.  O soco também pode se transformar em um upercut (soco vindo debaixo acertando o queixo), o ura-tzuki.

 

    No tsuki nós temos dois tipos de posição do punho. Em ambos os casos o soco é desferido mantendo-se o cotovelo o mais rente ao corpo. A razão é que se tenta proteger as costelas o maior tempo possível. Este soco deveria ser somente desferido quando se tem absoluta certeza, já que ele não protege a cara deixando assim a pessoa muito vulnerável.

       A posição final do punho vai determinar a trajetória e a técnica de golpe. No exemplo acima se mantêm o punho com os dedos para cima rente ás costela. Ao desferir o golpe se vira gradualmente o punho para que em sua fase final ele esteja totalmente virado amostrando os dedos para baixo. O alvo se acerta com os ossos dos dedos, com o punho ligeiramente inclinado para frente de tal forma que punho e antebraço formem uma linha reta. Se o punho estiver demais inclinado para a frente ou demais inclinado para cima, ele não terá estabilidade suficiente para resistir ao impacto e poderá fraturar ao acertar o alvo.

        A outra posição do punho é ele acertar o alvo perpendicularmente que nem no Tate-tsuki.

 

Neste caso o punho acerta o alvo na posição reta e diagonal o chão. O movimento do golpe sai todo do cotovelo e o punho acerta centralmente percorrendo a linha central do corpo. Este golpe é muito usado em vários estilos do de Kung-fu inclusive no Ving Tsung e no Tai Chi Chuan. A trajetória do golpe é percorrer a linha central do corpo formando assim uma cunha. ao manter o cotovelo ligeiramente inclinado para baixo, tanto a face como as costelas ficam protegidas. O golpe terá que ser desferido com velocidade e em número, já que ele não tem a potência dos dois socos anteriores.

Agora a sua posição permite que ele seja um soco muito rápido, inclusive ultrapassando a rapidez de um jab. É uma excelente arma a curta distancia, podendo ser convertido em cotoveladas logo após ser executado.

 

 

 

3. O punho se situa a altura da cintura.

        Este é o golpe clássico do kempo. Neste golpe toda a força sai da cintura, do Tan Tien. O alvo normalmente são os órgãos internos que nem baço, fígado e pâncreas. O objetivo do golpe e lesar os órgãos assim causando hemorragia interna. Mas o golpe também pode ser desferido em direção á cara, goela, coração, ombros ou genitais. O segredo neste golpe é o seu momento final, a velocidade final do golpe. O golpe é um golpe lento que sai devagar quase despercebido e atinge o alvo com a sua total velocidade. a força do golpe está na capacidade de imaginação do lutador e no seu controle de respiração e tenacidade muscular. É uma golpe difícil de ser executado mas muito eficaz.

        O importante neste golpe é que o corpo esteja totalmente relaxado e num centésimo de segundo seja capaz de atingir sua total tenção numa erupção de energia. O braço e a sua musculatura com exceção do punho e antebraço ficam durante todo o processo relaxado, que nem em qualquer forma de soco.

 

 

Finalizando

O soco, o Tzuki, tem várias formas, sendo que em todas iremos encontrar o mesmo princípio básico. Para o soco poder ter um efeito considerável em tecido vivo, ele tem que seguir certas regras e procedimentos. O braço terá que estar relaxado, o punho firme, o corpo reto, os pés firmes e com apoio. A força é gerada nos pés, passa pelas pernas, transformada na cintura e projetada nos punhos. A posição dos punho é que vai determinar a técnica final. e essa técnica é dependente da anatomia do corpo.

Nós temos basicamente três ângulos de socar: o punho saindo da altura da face, da altura do peito e da altura da cintura. Em base todos são iguais e com cada um eu posso acertar diferentes partes do corpo. O que vai determinar a técnica é a situação e o meu estado psicológico no momento. Por isso nós não devemos recorrer ao erro de quere nomear cada variação de movimento. Não existe suficiente palavras e impressões em nossa língua para nomear cada possível movimento que fazemos. Quem tanta tal idiotice irá se restringir a meramente uns poucos movimentos empobrecendo assim o seu sistema e o seu conhecimento.

Tzuki significa soco e mais nada. Quere afirmar que num determinado sistema somente existe um determinado tipo de soco é burrice, porque na rua ninguém irá respeitar a sua restrição. Karate que nem kempo, ou qualquer outra forma de artes marciais, é vida, e vida nunca foi restrita e nunca ninguém foi capaz de restringir a vida. As pessoas tentam, mas quem tenta acaba se quebrando. A vida é flexível e não rígida. Uma vez conhecendo o princípio do soco, tanto faz o soco que eu usar, porque todos tipos de socos fazem parte do meu sistema, porque o meu sistema é vivo, flexível, transmutável, e portanto a vida em si.

O meu conselho é não se apegar a nomes. O karate existiu antes de nós inventarmos as palavras e existirá depois de nós pararmos de usar palavras. Não se restringe só porque você não tem um termo para identificar e classificar um novo movimento. Em vez de tentar classificar o movimento tente entender de onde o movimento surgiu. Assim você irá crescer com cada treino.