A minha história
Comecei com a mágica ainda quando pequeno aos 11 anos de idade quando recebi de minha mãe o meu primeiro quite de mágica. Foi um presente e tanto, poder impressionar os adultos deixando-os incertos e estupefatos. Era a fascinação da ilusão, fazer coisas desaparecer, predizer cartas, e tudo com meios bem simples e lógicos.
Só que, aonde eu morava não existia lojas de mágica nem internet, e
todos os quites continham os mesmos utensílios. E a coisa mais difícil
na mágica era manter o segredo. Eram parentes, tios, amigos que
ficavam insistindo para eu contar o truque. Eram pessoas curiosas que
estavam mais interessadas em destruir a fantasia do que deixar se
levar por ela. E ao dedurar os segredos, de repente a maravilha
deixava de ser maravilhoso, o interesse acabava e ninguém mais queria
vir e assistir alegando: Esse truque eu já conheço. E
conseqüentemente, não tendo novos truques para apresentar o interesse
foi morrendo, a puberdade começou tomar conta e os interesses
começaram a serem outros.
Precisou de muitos anos para eu reencontrar a mágica, e de idade e
maturidade para manter os segredos e não destruir as ilusões.
Muitos anos depois, bem por acaso (se o acaso realmente existe)
entrei numa pequena loja de 25m metros quadrados cheia de brinquedos
chineses e surpreendentemente num cantinho uma parede repleto de
utensílios de mágica.
Adquiri o meu primeiro baralho mágico, treinei, voltei, comprei
literatura, treinei e voltei de novo. Na época trabalhava num hospital
de plantão e como assistente de um médico alternativo. Nas longas
noites treinava, e durante o dia, intertia os pacientes (muitos deles
presos às camas com fraturas na coluna vertebral). Foi um excelente
treino. Primeiro eram cartas, depois bolas desaparecendo e por fim
panos trocando de cor e flores aparecendo.
Logo apareceu a primeira oportunidade de apresentar perante um público
maior, uma festa de crianças, no todo 20 espectadores. Daí surgiu a segunda
apresentação e foi indo, e antes de eu realizar o que estava
acontecendo eu estava todo envolvido com a nova redescoberta. Estava
ganhando um bom dinheiro extra à minha mensalidade, e depois de um
ano, virei sócia da lojinha de mágicas. De algumas apresentações vieram
100 por ano, da pequena loja virou uma loja de produtos antroposóficos
e material de mágica de 100 metros quadrados.
Depois de dez anos de árduo trabalho, 70 horas por semana
trabalhando,durante o dia a loja, de noite treinava e dava aulas de
Kempo e nos fins de semana as apresentações de mágica, vendi a minha parte da
loja e em 2002 me mudei para o Brasil para ensinar e propagar o
sistema Tamashii Ryu e Goshin Ryu do meu sensei Soke Daí Tamashii Ryu
Heinz Köhnen aqui no Brasil. E a mágica veio comigo.
Como vendedor eu tinha muitos clientes jovens, e nos cursos que dava
sobre mágica tinha muitos professores(as) e educadores(as) como
alunos. E o que eu aprendi nesse tempo, muito mais importante do que
truques e aparelhos, é: O que determina a mágica: é a apresentação e a
capacidade de criar uma ilusão na mente do espectador(a), e não a
complexidade do truque. Na minha loja eu vendia utensílios de 2 a 3500
reais e mais.
O que eu sempre tentava passar para os meus clientes jovens era para
eles manterem os segredos para si; e para os pais: deixarem seus
filhos(as) terem segredos. Desta forma os meninos(as) não perderiam
tão rapidamente o interesse pela ilusão, fantasia, espanto e
maravilha.
Nós seres humanos precisamos do espanto, do fenomenal, da maravilha. E
a mágica nos fornece exatamente o que precisamos. Basta sabermos que o
que está sendo apresentado é mágica, para não acabarmos idolatrando um
individuo que se diz miraculoso.
O espanto é psicologicamente muito importante e ele só prevalecerá se
existir o mistério. Dedurar os truques para aqueles que não o
utilizarão para criar espanto é destruir a ilusão, o maravilhoso, a
fantasia, o sonho de poder criar algo alem do normal. Uma pessoa que
fala que já conhece tudo e nada mais a pode impressionar (espantar), é
uma pessoa pobre.