As três formas de apresentação

Mágica para crianças

Mágica para adultos

Apresentações mistas

 

Mágica para crianças



Mágica para crianças é completamente diferente do que a mágica para adultos, e sobre o tema existe uma centena de livros excelentes.
E o que é que faz a mágica para crianças ser assim tão diferente e especial?
A própria criança.


A criança ainda não aprendeu direito a interpretar o mundo logicamente e objetivar o que vê. A criança está aberta e vê as coisas diferentemente, e muitas vezes mais diretamente do que adultos. Ela não tenta procurar explicações para tudo o que vê e muitos acontecimentos ela simplesmente aceita como são. Ela vê que nem membros de etnias por nós denominados de primitivas e subdesenvolvidas, povos que acreditam no milagroso e na superstição (provavelmente por verem o que nós não vemos).


Esta percepção diferente possibilita a criança a ver o que nós não percebemos e muitas vezes a não compreender o que nós vemos. Por isso muitos truques apresentados para adultos não funcionam com crianças porque para elas é óbvio o que está acontecendo ou ela não vê o sentido do truque.
A mágica para adultos trabalha com a lógica do espectador(a), e a mágica para crianças trabalha mais com a emoção da criança. O triste é que nós todos já fomos crianças, mas de uma forma inexplicável esquecemos o que é ser criança. E o pior é que as que hoje são crianças um dia serão que nem nós.


As apresentações para crianças também variam conforme a idade das crianças. Eu pessoalmente só faço apresentações para crianças entre cinco e dez anos de idade. O porquê é bem simples: A televisão e os vídeos games.

Crianças mais velhas estão demasiadamente deturpadas com o que vêm na televisão, e interpretam tudo o que não for espetacular de sem graça. A televisão induz a impressão que elas são adultas, mas na realidade elas ainda são criançolas. Elas não entendem as coisas dos adultos, mas pensam que entendem. E de tanto ouvirem em direitos elas querem ter os direitos disto e daquilo e esquecem que com direitos também vem responsabilidade (coisa que nenhum órgão de direitos exige das pessoas). Todo mundo fala em direitos da criança e direitos humanos, mas esquecem de mencionar os deveres da criança e deveres humanos.
Crianças mais jovens ainda têm um laço emocional muito forte com os pais e intuitivamente sentem seus deveres como criança e isto as deixa serem crianças.
Fazer mágica para crianças é muito legal. Você realmente vê como a criança navega na ilusão, sonha o que vê e depois da apresentação continua a fantasiar. Como artista você cria um sonho, que nem um conto de fadas que deixa as crianças serem algo que elas no dia a dia não são capazes de ser. As crianças são capazes de viver e vivenciar um sonho sem se envergonhar disso. E isso é maravilhoso.

 

 

Mágica para adultos



Mágica para adultos é mais exigente, em especial o que leva em consideração o material. O material tem que ser mais requintado, mais chique, o discurso mais programado e a quantidade de espectadores é bem maior.


O adulto trabalha com a lógica, com o raciocínio e o objetivo do mágico é atrapalhar esse raciocínio e burlá-lo, passá-lo para trás. E no processo de enganar e trambiquiar o raciocínio, o raciocínio desiste de ficar pensando no que seria e é  desligado possibilitando à mente a relaxar e o espanto a agir. O adulto fantasia diferente da criança e a maior façanha é quando o artista é capaz de fazer o adulto sonhar igual à criança, acordar no adulto a criança que foi, e deixar ele olhar o mundo que nem uma criança, cheia de espanto, olhos abertos, vendo o mundo pela primeira vez.
Isso é muito difícil, porque o nosso raciocínio foi demasiadamente condicionado a ver o mundo como ele está acostumado a vê-lo de tal forma que fica incapacitado de se desapegar de tais imagens e interpretações para aceitar uma nova e também possível interpretação.
Se isso acontecer, o adulto abre os olhos e vê o mundo como um milagre em vez de tentar enquadrar e compara o que está vendo com algo que já viu do jeito como ele(a)
foi condicionado(a).


A lógica e a idade dos adultos possibilita ao mágico trabalhar mais sarcasticamente, mais humorístico, fazendo comparações indiretas com a política e outros setores da sociedade. A quantidade de temas é mais abrangente e mais profundo. E isto faz uma apresentação para adultos ser mais complexa e exigente do que uma apresentação para crianças.
Ambas as apresentações, para adultos como para crianças, têm os seus desafios, que são diferentes duo a natureza dos espectadores(as).

 

 

As apresentações mistas


Em muitos casos, por exemplo: em casamentos ou festas de aniversário, se encontra um público com todas idades, de criancinhas até a terceira idade, e aí, o artista tem que orquestrar suas apresentações de tal forma que todos saiam satisfeitos.


Em tais casos, se olha quem está mais fortemente presente. Se os adultos formarem o maior numero se faz um programa para os adultos com constantes interferências de apresentações para os menores. Em tais casos, mesmo se tiver somente uma criança presente, nunca se deve esquecer da criança e sempre, de tempo em tempo, dar atenção a ela. Desta forma as crianças não se cansam e os adultos não sentem tédio.
Em casos onde os adultos são minoria, as crianças são o foco de atenção. É evidente que de vez em quando se apresenta algo mais complicado e mais adequado para os adultos para que estes não comecem a cochichar e conversar um com o outro assim perturbando o show.
Para dizer antecipadamente o que se deve fazer em que situação é impossível, pois cada grupo de pessoas é diferente e conseqüentemente a ênfase da apresentação será diferente. Por isso é muito importante para um mágico fazer street magic (mágica de rua). Pois esta forma de mágica requer muita flexibilidade do artista e muita sensibilidade e intuição, que é um excelente treino para qualquer forma de apresentação no futuro.